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Secura de palavras

  Hoje faz cerca de um mês que não escrevo uma linha sequer neste caderno de brochura usado. É como se alguém tivesse roubado minhas ideias, meus pensamentos e todo meu cérebro. Não sai uma linha sequer a trinta dias. Dizem por aí que todo escritor passa por momentos assim, sem palavras. Desde que me propus a escrever de verdade, de me considerar um escritor, não tinha ficado tanto tempo sem escrever. Temas não faltam. Vivemos um momento social turbulento com eleições quentíssimas, delírios urbanos diversos e muita confusão nas ruas. Ainda posso refletir sobre o comportamento humano e suas manias. Posso fugir desse lado político e falar sobre a leveza da amizade sincera, a importância da saúde mental nos dias atuais ou ir além, falando de animais, crianças, parques de diversões, musicalidade, filmes ou algum livro sensacional que li durante esse mês seco. 
  Ao conversar com algumas pessoas percebi que a solução está na capacidade de sentir os cheiros, os ruídos e as almas das pessoas ao meu redor. As pessoas que dão os conteúdos, eu apenas transcrevo pro papel. É algo místico e uma conexão primordial para acabar com a minha secura. Estou tentando me reconectar com vocês para recuperar meu cerébro e voltar a preencher os papeis com textos que vieram das almas que sempre li com tanta precisão.
  Cada escritor tem seus métodos de escrita, escolha de temas e manias. Tenho tudo isso bastante definido. Escrever pra mim é uma paixão de fogo intenso que causa a vontade incontrolável de acabar com a tinta da caneca a todo momento. Um escritor só se sente vivo quando olha para as palavras que colocou na folha e as vê como filhas recém-nascidas. Filhas que ele ama, respeita e cuida com todo o carinho do mundo. Espero sinceramente que minhas filhas voltem o quanto antes porque estou morrendo de saudades. 


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